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segunda-feira, 2 de julho de 2012

As grandezas e as surpresas da temporada 2011-12 na Europa

A temporada européia de 2011-12 acabou há algumas semanas e teve um desfecho muito "tumultuado" e surpreendente. Na verdade, desde o início da temporada tudo parecia ser muito previsível e óbvio pela superioridade que alguns clubes mostravam em relação aos demais, mas tudo mudou de uma hora pra outra e a temporada deixou um legado que entra para a história.

Deixando de lado o romantismo vamos direto ao ponto. A temporada começou com o Barcelona no topo do mundo. Não só o Barça, mas também seu grande rival, Real Madrid, ditavam o ritmo do futebol mundial. A superioridade dos dois clubes era expressada pela grandeza dos seus elencos e das estrelas, Messi e Cristiano Ronaldo, e parecia encaminhar uma temporada avassaladora do futebol espanhol.

O Barcelona também reforçava seu elenco proporcionando o retorno de Fàbregas (formado no Camp Nou) e apostando na revelação chilena Alexis Sánchez. Ambos se encaixaram perfeitamente com a equipe de Guardiola e conquistaram, sem grandes dificuldades, a Supercopa da Espanha, Supercopa Européia e o Mundial de Clubes (com um show em cima do Santos).

Barcelona x Santos: Massacre do Barcelona sobre o Santos foi muito além da tática, foi uma vitória do futebol moderno e vistoso que encantou o mundo no clube catalão.

Até aí a temporada só tinha um nome: Barcelona, com o Real Madrid se aproximando. Mas tinha alguma coisa na temporada que parecia ser entristecedor: a fraqueza do futebol inglês.

O Manchester City até começou a temporada jogando muito bem, mas decepcionou na Champions sendo eliminado ainda na primeira fase. O Manchester United, que havia sido vice-campeão da competição na  temporada anterior, também caiu. Ambos foram para Liga Europa e tiveram mais um insucesso caindo nas oitavas-de-finais.

Os remanescentes do futebol inglês na Champions foram Chelsea e Arsenal. O segundo caiu já na fase seguinte para o Milan, enquanto o Chelsea se classificou de forma emocionante: perdeu por 3 x 1 para o Napoli na Itália e repetiu o placar em Londres no tempo normal, mas na prorrogação o improvável Ivanovic classificou os Blues.

A partir daí se iniciaria uma campanha histórica que mudaria o rumo da temporada. O que parecia probabilíssimo não aconteceu. O Real Madrid foi mais regular que o Barcelona e fez uma campanha superior no Campeonato Espanhol. 

Na Champions, porém, só tinha um clube que mostrava condições de tirar o título da Espanha: Bayern de Munique. A equipe alemã provou que com o time completo era a terceira maior força do mundo. A boa fase do centroavante Mario Gomez e o entrosamento da equipe davam condições ao título europeu.

Essas quatro equipes junto com o Manchester City fecharam a temporada espetacularmente e se tornaram os protagonistas da temporada. 

O Manchester City campeão da Premier League 2011-12: Elenco extremamente versátil em, praticamente, todos os setores; a equipe "resgatou" o 4-4-2, porém de uma forma moderna com muita movimentação e marcação adiantada.

Pra quem ver a dificuldade com que o Manchester City ganhou esse campeonato decidindo o título no último minuto da partida com gol de Sergio Agüero, pensa que seu futebol foi do nível do rival Manchester United. Mas não foi. O lado azul de Manchester apresentou o melhor futebol da Inglaterra na temporada, sem dúvidas.

Fora o Manchester City as outras quatro equipes tinham o seu foco na Liga dos Campeões. O Barcelona passou pelo Milan nas quartas-de-finais onde, depois de empatar por 0 a 0 em Milão, ganhou por 3 a 1 no Camp Nou com muitas críticas em cima da equipe. O argumento dos críticos era que o Barcelona estava mais fraco e dependente da arbitragem (Messi havia marcado dois gols em pênaltis duvidosos).

O adversário do Barça na semi-final já estava definido. Seria o Chelsea. O futebol inglês, tão criticado, havia conseguido um representante para o "top 4" da Champions. Do outro lado? O favoritismo valeu e os dois gigantes se enfrentariam na semi-final.

Os espanhóis, com todo o favoritismo do seu lado, teriam a chance de decidir em casa. Era a competição que mais importava a partir de agora. Toda a força dessas equipes estavam empenhadas com a Champions. E, pela lógica (que o futebol não possui), o Barcelona era mais que favorito ao título.

Mas a semana de 18 à 24 de abril mudariam a história da temporada. E, como disse antes, os frutos disso ficariam marcados na história do futebol.

Palco inicial, Stamford Bridge em Londres. 

O Barcelona montado no 4-3-3 habitual finalizou 24 vezes sendo duas nas traves, mas mesmo assim não balançou as redes do fechado Chelsea que tinha na meta o inspiradíssimo Cech; os Blues reconheceram a superioridade do Barcelona e se fecharam atrás com duas linhas de quatro num      4-1-4-1 totalmente disciplinado.

Resultado? 1 a 0 para os donos da casa: bola roubada de Messi, lançamento de Lampard para arrancada mortal de Ramires. Cruzamento rasteiro para, no meio da área, Didier Drogba decidir o jogo. Primeira derrota do Barcelona que pressionou muito, mas não marcou. O Chelsea, na sua proposta tática, foi mais efetivo que o Barcelona.

Não, não foi anti-jogo. Foi inteligência e humildade. O técnico Di Matteo sabia que era mais fraco que o Barcelona e se preparou para se defender da força deles e matar o jogo. Destaques? Além da disciplina tática e da consistência defensiva da equipe londrina, três jogadores merecem aplausos por suas atuações: Ramires (o veloz ponta brasileiro responsável pelas jogadas de contra-ataque), Petr Cech (a grande muralha da equipe, essencial para parar o ataque catalão) e Didier Drogba (não só decidiu o jogo, mas teve raça e disposição para recuar e ajudar marcação).

É óbvio que o Barcelona tinha condições de ganhar porque teria mais um jogo e dessa vez era dentro de casa, mas o fato de ter sido a primeira derrota da equipe na competição era um alarme. O que estava faltando ao Barça? Talvez não seja a pergunta correta... O que sobrou ao Chelsea?

Antes da segunda parte dessa batalha (dia 24) o Barcelona teria um outro jogo decisivo com o maior rival. O Real Madrid estava muito próximo do título espanhol, mas tinha o Barça no caminho que ainda sonhava em bater o rival e tentar levar a taça. Como sabemos já havia um tempo que o Real era freguês do Barça. 

Mas dentro de campo não foi o que aconteceu. O Real entrou pra parar o poderoso rival. Marcação cerrada, dando poucos espaços. Já o Barcelona não tinha inspiração. Já fazia um tempo que a equipe não tinha o mesmo futebol. Seria má fase? Aquele jogo poderia dizer.

Khedira abriu o placar e dificultou a situação do time catalão. Não tinha Barcelona naquele jogo. Tinha algo errado. O segundo tempo começou e um novo jogo também. O Barcelona veio buscar o jogo e depois de arrancada de Messi a bola sobrou para Tello que chutou forte em cima de Cassillas. No rebote Adriano chutou, a bola desviou na zaga e sobrou para Sánchez empatar o jogo. Será que o Barcelona ia repetir mais uma grande atuação em cima do Real e ia aumentar a freguesia? Cristiano Ronaldo disse que não ao marcar o gol da vitória num contra-ataque letal. 

O jogo decretou quatro coisas: a má fase catalã, a volta por cima do Real sobre o Barça, um momento de decisão de CR7 (finalmente) e o título espanhol. Tudo que o Real desejava. O pior pesadelo do Barça. 

Não... o pior estava pela frente. Aquela semana (18 à 24 de abril) mudaria a história do Barcelona nesses três jogos. A segunda parte do duelo com Chelsea estava por vir.

Dia 24 de abril, Camp Nou.

Atrás de uma vitória o Barcelona veio para sufocar o Chelsea e chegava a atacar com oito homens (quando Dani Alves entrou no lugar de Piqué) a retaguarda do Chelsea, que estava totalmente fechada atrás.

 O Chelsea, disciplinado como em Londres, veio jogar sério, disposto a se defender. O Barcelona se dizia pronto pra ganhar. Dentro de campo, um duelo de ataque contra defesa. A pressão era extrema e incessante. Cech era acionado em todo lance. O ferrolho do Chelsea estava firme

Daniel Alves enfiou uma bola na esquerda para Cuenca que cruzou rasteiro e viu Busquets escorar para o gol: 1 a 0 Barça. A disputa estava igualada num dia que só o Barcelona atacava. A chance de sair mais um do Barça era grande. Um do Chelsea era quase inimaginável. 

Se já era possível imaginar isso àquela altura, quanto mais com a expulsão do capitão dos Blues, John Terry. Lionel Messi, que tentava mas não acertava, arrancou e rolou para Iniesta fazer o segundo. Que situação...!

Com um time inferior, jogando na casa do adversário, o adversário sendo o melhor time do mundo, com um jogador a menos e 2 a 0 no placar ainda no primeiro tempo. Que possibilidade existe do Chelsea reverter essa situação?

O futebol é grande e surpreendente... e o Chelsea super efetivo, humilde e disposto. Lampard enfiou uma bola entre os zagueiros e achou Ramires dentro da área para dar moral ao Chelsea com um golaço por cobertura em Valdés: 2 a 1 e classificação para o Chelsea.

Dois minutos do segundo tempo: Lionel Messi na bola. Pênalti pro Barcelona. Na raça de sempre de Drogba, carrinho por trás em Fàbregas. O melhor do mundo não perderia. Quatorze gols na Champions. Perder um pênalti?

Travessão... A sorte brilhava para o Chelsea. Pressão do Barcelona! Incessantemente no campo de defesa do Chelsea. Todos nove os jogadores na proteção da zaga. Quando passavam do ferrolho azul se deparavam com Petr Cech e com a trave. Não tinha como. A raça do Chelsea era incrível.

O guerreiro Didier Drogba saiu de campo para dar lugar a Fernando Torres. O espanhol nunca brilhou com a camisa do Chelsea, mas viu numa bola lançada da área cair nos seus pés. À frente de todos os jogadores do Barça. Só ele e Valdés. Caixão catalão selado pelo matador espanhol. Compensou cada milhão gasto nele, fazendo um dos gols mais importantes da história do Chelsea e um dos mais marcantes na temporada. 

Não era uma derrota do Barcelona. Era o desfecho de um império. O Barça havia caído em 2010 para a Inter de Milão. Mas em outra situação. Ganhando o Campeonato Espanhol e sendo base da Seleção Espanhola campeã do mundo. Tanto que se reergueu ainda mais forte. Mas dessa vez não... 

Pep saiu do clube. E aquela geração não é mais a mesma. O Barcelona não terminou feio. Jogando abaixo do seu habitual ele perdeu para Chelsea e Real Madrid se trancando atrás e apelando para os contra-ataques porque sabiam da força deles. Eles ainda são os melhores do mundo. Mas tudo que indica que não há mais ascensão. O Barcelona marcou história. Foi o melhor time das última décadas (o melhor que vi). Isso é fato.

Mas o Chelsea também! Com tudo desfavorável fez história sobre o maior time do mundo e tinha pela frente uma final de Champions. Final essa que seria disputada na Allianz Arena, em Munique contra o Bayern. O clube alemão ganhou do Real em casa por 2 a 1 e perdeu em Madrid pelo mesmo placar. Nos pênaltis viu Neuer brilhar e os batedores do Real fracassarem.

A final. O Bayern tinha muita coisa a seu favor. Superioridade técnica, muitos desfalques no Chelsea e o 'fator casa'.

Mas o Chelsea e o imponderável que torna o futebol cada vez mais apaixonante fariam história e tornariam um jogo chato até os 38 da segunda etapa em uma final de gala. O motivo? Aos 38 do segundo tempo Thomas Müller abriu o placar na Allianz Arena para dar o título europeu ao Bayern num jogo morno de ataque contra defesa.

O jogo continuaria morno não fosse a cobrança de escanteio, cinco minutos depois, do apagado Mata na cabeça de Drogba para empatar o jogo e levar para a prorrogação. Minutos de vilão passariam na vida do atacante marfinense ao cometer um pênalti no início do primeiro tempo da prorrogação. Mas o Chelsea e o imponderável conseguiriam reverter essa situação de perigo para um pressão psicológica no Bayern quando Cech defendeu a cobrança de Robben. O resto já é conhecido por todos: vitória nos pênaltis do Chelsea com direito a pênalti perdido do craque do time bávaro.

 Semelhança táticas, mas diferenças propostas de jogo: ambos os times armados no 4-2-3-1, mas o Bayern usava a formação para buscar o jogo com as jogadas de ponta e com a movimentação dos volantes, enquanto o Chelsea vinha para se resguardar atrás e correr pelo contragolpe.

A conjunção astral e o brilho indescritível e imponderável do Chelsea fechava a temporada e fazia história. Em anos que a equipe se planejou para a disputa da Liga dos Campeões se depararam com o fracasso. Quando estão na "cova" com troca de técnico, elenco "velho" e má campanha na Premier League os Blues erguem a Europa nas mãos.

Isso é futebol. Não tem que se esperar lógica. Quando tudo está muito previsível pode saber que há algo errado aí. Com grandezas e surpresas a temporada europeia de 2011-12 entrou para a história. A "queda" do maior time do século XXI, a redenção de um gênio que termina a temporada sem grandes títulos e a atuação do imponderável a favor do Chelsea marcaram a temporada, que deixa um legado pépertuo nas nossas memórias!

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